domingo, 2 de agosto de 2020

Dossiê - Alien, o Oitavo Passageiro


“O espaço, a fronteira final”. A busca pela exploração espacial sempre nos deixou fascinados, pois somos nada além de um pálido ponto azul na vasta imensidão do universo ♥. E quando eu reflito sobre isso, algo me tira o sono a noite... afinal estamos ou não sozinhos? E não importa o quanto eu pense sobre, não sei dizer qual das respostas é a mais aterrorizante.


Alien, o Oitavo Passageiro explora esse medo, unindo a ficção científica com o terror, e criando o cenário perfeito, afinal no espaço ninguém pode te ouvir gritar. O filme de 1979 dirigido por Ridley Scott, traz os tripulantes da nave Nostromo, que durante uma viagem de volta de Thebus para a Terra, rebocando uma refinaria e 20 milhões de toneladas de minério, são acordados de seu criossono para atender uma transmissão de emergência de um planetoide vizinho. Ao chegar ao planeta para investigar o sinal, eles encontram uma nave alienígena, e um de seus oficiais é atacado por uma criatura que se prende ao seu rosto, e contra todos os protocolos de quarentena ele é levado a nave para tratamento, trazendo o terror consigo.




Uma das minhas ficções favoritas, Alien consegue construir a tensão na medida certa. Diferente de outros filmes de terror que querem te fazer pular da cadeira, Alien busca uma abordagem sutil mas precisa, te fazendo ficar colado na poltrona. O medo vem de não saber onde a criatura está, o que ela é, e o mais importante do que ela é capaz. Afinal a milhares de quilômetros da terra, presos numa caixa de metal voadora onde é que você vai se esconder?

Logo na abertura do filme, enquanto o letreiro aparece, nós temos uma visão do espaço e da nave Nostromo vista de fora num plano aberto lindíssimo, quase que de forma poética e enigmática. A paz e a tranquilidade do espaço, são quebradas pela trilha sonora que vai criando a tensão para o que vai acontecer dentro da nave. E quando os protagonistas despertam a trilha sonora dá lugar somente aos sons de alarmes, teclados, botões e a voz dos tripulantes. Isso meus amigos é o que vai criando aquela atmosfera tensa na sua cabeça, a completa ausência do som.





Uma das minhas cenas favoritas, é quando o Capitão Dallas sai à procura do alienígena, e os demais tripulantes observam o radar para saber se ele está perto ou não da criatura, e esse pequeno dispositivo cria uma tensão constante no telespectador. Eu me lembro de assistir a essa cena com o meu pai e ficar apavorada, com a sensação do protagonista estar num espaço minúsculo, sem iluminação, sem saber onde a criatura está. E tenho que dizer que eu sinto falta disso nos filmes recentes da franquia Alien.

Agora falando um pouco sobre a produção desse clássico do cinema. Após ter feito a comédia de ficção científica Dark Star, com o diretor John Carpenter, o diretor e roteirista Dan O'Bannon decidiu que queria fazer um filme assustador no espaço. O roteiro de Alien tem inspiração em várias obras cinematográficas como The Thing from Another World (1951), Forbidden Planet (1956), Terrore nello Spazio (1965), entre outras.

Após o sucesso de Star Wars em 1977, a 20th Century Fox se interessou pelo roteiro de ficção científica e chamou Walter Hill para dirigir o filme, porém, Hill recusou por conflitos de agenda. E foi então que o diretor Ridley Scott entrou em cena. Ele já tinha chamado a atenção pelo seu filme The Duellists (1977), e aceitou o projeto de imediato.

Ridley impressionou o estúdio ao criar storyboards detalhados para o filme, que incluíam desde desenhos da nave até os trajes espaciais dos astronautas. Com isso o estúdio ficou empolgado e fez o orçamento do filme subir de US$ 4.2 milhões para US$ 8.4 milhões.



Outra curiosidade é que tanto O'Bannon, quanto Scott achavam que a pintura Necronom IV (1976), do pintor H. R. Giger era a representação perfeita da criatura que eles queriam para o filme. Giger era conhecido por um estilo que ele batizou de biomecânico, e suas pinturas refletiam suas visões sombrias de criaturas com traços humanoides, e suas obras pareciam ser esculturas industriais tiradas de altares medievais.

O estúdio então contratou Giger para trabalhar nas artes conceituais do filme, criando todos os aspectos da criatura, do ovo até a criatura adulta.

O elenco do filme tinha Tom Skerritt como o Capitão Dallas, Veronica Catwright como a Navegadora Lambert, John Hurt como o Primeiro Oficial Kane, Iam Holm como o Oficial de Ciências Ash, Sigourney Weaver como a Subtenente Ellen Rippley e Harry Dean Stanton e Yaphet Kotto como os engenheiros Brett e Parker. Outro fato curioso é que Weaver foi a última do elenco a ser escolhido, e foi a decisão de Walter Hill e David Giler de trazer uma mulher como protagonista, pois eles acham que ter uma personagem feminina no papel principal ia fazer Alien se sobressair entre os filmes desse gênero tão dominado por protagonistas masculinos. E o filme foi o responsável por colocar o nome de Sigourney no mapa, impulsionando a sua carreira cinematográfica.




Alien, o Oitavo Passageiro teve duas sequências diretas, Aliens O Resgate (1986), com direção de James Cameron, e Aliens 3 (1992). Dessas duas tenho que dizer que Aliens o Resgate é o meu favorito, primeiro porque ele não é tão datado, explorando mais a criatura e ampliando o universo de Alien como conhecemos. Além de ser o responsável por colocar Ripley como uma personagem Bad Ass, o que pra mim quando menina era uma inspiração de girl power. Isso porque quando criança assistindo a o Oitavo Passageiro até o meio do filme eu realmente não tinha definido quem seria a protagonista daquela história. E tenho eu admitir eu tenho uma queda pelos visual e personagens dos fuzileiros navais coloniais de Aliens o Resgate rs.


Aliens 3 fecha a história da Tenente Ripley, porém em 1997 começou o meu pesadelo alienígena, com Alien: a Ressureição chegando aos cinemas. O filme tem até alguns momentos bacanas, mas ele foge muito da essências dos primeiros filmes o que não agradou ao público.


E em o meu pesadelo só foi piorando com os crossovers, Alien vs Predador (2004) e Alien vs Predador 2 (2007) que colocava dois dos maiores alienígenas do cinema para lutar. Não preciso dizer que ambos os filmes buscavam nada além de bilheteria.

Mas em 2012 Ridley Scott anunciou um 5º filme de Alien, que traria de volta a essência do filme original e tenho que admitir que eu fiquei empolgada com isso. Afinal já tinha muito tempo que nada de bom de Alien aparecia nos cinemas. Me lembro de ver as artes conceituais de Prometheus e ficar entusiasmada com essa nova produção. Mas isso só durou até eu assistir ao filme. Porque na realidade Prometheus era um arranhão daquilo que eu queria sentir de novo com a franquia Alien. Todos os elementos de tensão tão característicos de Alien dão lugar a um roteiro vazio de uma história que de verdade não precisava ser contada. E é claro não contente com isso em 2017, Alien: Covenament chegou aos cinemas. E apesar desse último tentar resgatar alguns elementos tão adorados do primeiro filme, a sensação era de que algo se perdeu.





Incrivelmente o que todos esses filmes que vieram depois da trilogia original não conseguiram fazer. Um jogo de vídeo game conseguiu resgatar toda a essência do primeiro filme. Lançado para Playstation 3 e 4, Xbox 360, Xbox One e PC em 2014, Alien: Isolation resgata o terror e a tensão dos primeiros filmes. A história acontece quinze anos após os eventos do filme original Alien de 1979, seguindo a engenheira Amanda Ripley, filha da protagonista Ellen Ripley de Alien, enquanto ela investiga o desaparecimento de sua mãe. Tá aí uma história que eu gostaria de ver nos cinemas. Dando ênfase a jogabilidade furtiva, o jogo foi projetado para recriar a atmosfera de terror do filme de 1986. Alien: Isolation foi recebido com críticas positivas e vendeu mais de dois milhões de cópias até maio de 2015.

Para fechar essa matéria, Alien é, e sempre será para mim um clássico da ficção científica e do terror, caminhando juntos numa sinfonia perfeita de horror e poesia.


Por: Bárbara Silva 



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